No ano
2000, a extinta revista de futebol inglesa “Total Football” produziu uma
matéria muito interessante chamada Noites Gloriosas (Glory Nights), onde ela
contava detalhes de importantes times britânicos contra adversários
qualificados nos, então, 45 anos de torneios europeus.
A grande partida que hoje relatamos foi o combate entre o Nottingham Forest e o Colônia da Alemanha pelas semifinais da Copa dos Campeões em 1979 no City Ground.
Ambos os
times eram muito bons e, pode se dizer, era uma espécie de final antecipada,
pois a outra semi foi disputada pelo Áustria Viena e o Malmo, dois times
nitidamente inferiores.
Contudo, o
jogo de ida assumiu proporções épicas num campo totalmente enlameado numa noite
mágica de abril e a única certeza é a de que deste embate sairia o campeão, mas
como não poderia de deixar de ser, em todas partidas do gênero, teve drama e
superações.
E tudo isso é relembrado por um dos participantes do jogo, o defensor Larry Lloyd!
E tudo isso é relembrado por um dos participantes do jogo, o defensor Larry Lloyd!
Boa leitura.
1. Programa oficial do jogo (Pinterest) |
O Nottingham
Forest estava se arrastando num placar adverso de 0 a 2 num atordoado City
Ground e muito parecia que uma valente campanha europeia estava indo por água
abaixo.
O campeão
inglês, que estava na Second Division há somente dois anos atrás, surpreendeu a
todos ao bater os reis continente do ano anterior, Liverpool, bem como AEK
Atenas e Grasshoper Zurique na sua caminhada para as semifinais.
Mas permitir
uma vantagem de dois gols a um time como o Colônia parecia ser desastroso.
“Nós nunca
estivemos preocupados” disse o convicto zagueiro central do Forest, Larry
Lloyd. “Nós erámos um time cheio de vida e nós tínhamos aquele espírito de
nunca desistir que nos levou pra fora de situações difíceis então, em nossas
cabeças, nunca esmorecemos”.
2. Archie Gemmil em lance da partida no enlameado City Ground (Getty Images) |
“É verdade
que nós fomos surpreendidos pelos alemães,” ele admite. “Eles vieram ao nosso
campo e nos atacaram, e isso não era comum naqueles dias. Você esperava que os
times visitantes se comportassem defensivamente, mas o Colônia nos atacou e nós
não esperávamos isso”.
Os dois
primeiros gols do Colônia aconteceram nos 20 minutos iniciais da partida, mas
então a reação começou.
Lloyd
relembra: “Foi uma grande noite europeia em Nottingham. O campo estava lotado
em sua capacidade máxima e eles realmente ficaram atrás de nós, nos apoiando.
Garry Birtles começou a recuperação antes de Ian Bowyer marcasse o gol de empate.
Então John
Robertson pôs o time à frente em um cabeceio, para espanto dos seus colegas.
“Não consigo
lembrar quando exatamente ele cabeceou a bola, ele nunca havia marcado gol de
peixinho” disse Lloyd. “Esta foi uma grande partida de John, que estava diante
da adversidade. Foi um jogo de dois toques rápidos que se jogaria durante toda
a partida. Ele jogou durante toda a partida, mesmo com seu pai tendo morrido
recentemente. O chefe (Clough) deixou para ele decidir se jogaria ou não, e ele
decidiu que jogaria. E ele fez uma tremenda partida!”
Mesmo nos 3 a
2 para o Forest, a partida deu outra reviravolta. Os alemães fizeram entrar um
substituto, um atacante japonês chamado Okudera.
Ele marcou no
seu primeiro toque na bola, o que significava eles estavam mandando o Forest de
volta ao seu lugar, e ainda com três gols marcados fora de casa no bolso.
“Eu nunca vou
esquecer Cloughie na entrevista pós-partida,” disse Lloyd. “Ele foi soberbo.
Ele disse “Só esperem a partida de volta”.
4. Card de Peter Shilton, o paredão do Forest e também do English Team (eBay) |
“Todos nós
acreditávamos que tínhamos uma defesa tão boa que se a gente assumisse que não
tomaríamos nenhum gol, nós conseguiríamos. E foi que aconteceu. Ian Bowyer
marcou para nós e ganhamos por 1 a 0. Para mim foi a partida mais importante na
história do Forest porque o Colônia era um time muito, muito melhor que o Malmo
que nós batemos na final”, completa Larry Lloyd.
Um único gol
foi suficiente para vencer os suecos na final em Munique.
No ano
seguinte eles provaram que não havia sido por acaso e fizeram tudo de novo, ao
bater o Hamburgo por 1 a 0 em Madri.
“Aquele feito
jamais será repetido” disse Lloyd. “O dinheiro é tão importante agora que é
impossível para um clube menor chegar e vencer a Copa dos Campeões da Europa. E
nós fizemos isso duas vezes. O que de melhor um clube como o Forest pode
esperar nos dias de hoje é se tornar um time de meio de tabela da Premiership.
Mas se nós não tivéssemos batido o Colônia, não haveria o campeonato europeu
naquele ano e nós nunca teríamos a chance de defender o título no ano seguinte”.
5. Série de cards sobre a conquista de 1979 (Nikolai Trading Card) |
Ficha técnica:
Nottingham Forest 3 (Birtles, Bowyer, Robertson) Colônia3
(Gool, Muller, Okudera)
Local: The City Ground
Data: 11 de
abril de 1979
Primeira
partida das semifinais da Copa dos Campeões da Europa
Público: 40.804
Nottingham
Forest: Shilton, Barrett, Bowyer, McGovern, Lloyd, Needham,
O’Neill, Gemmill (Clark), Bitles, Woodcock, Robertson.
Colônia: Schumacher,
Konopka, Zimmermann, Schuster, Gerber, Cullmann, Van Gool, Glowacz (Okudera),
Muller, Neumann, Prestin.
Impressões:
“Nosso melhor
momento” Brian Clough
“Ele deu tudo
de si, explorando a ala. E o seu gol foi incrível. Ele não sabia como cabecear
uma bola, mas ele marcou num mergulho na lama e este foi, talvez, o gol mais
importante na história do Nottingham Forest!”, Larry Lloyd.
Homem da
partida: John Robertson
Alex Murphy ©,
Revista Total Football © (2000).
6. Toda equipe imortalizada em caricaturas by Mark McKenny © (Pinterest) |
Tradução: Sandro Pontes
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