Uma
canção que virou hino dos Hammers e é cantada, com orgulho, desde os primórdios
do século XX em Upton Park (agora no London Stadium) Forever Blowing Bubbles
tem algumas histórias sobre a sua origem.
Dum
anúncio de sopa com um quadro no cartaz, um jogador juvenil de cabelos
encaracolados, a ligação com o Swansea City, cuja torcida também entoa a mesma
canção e muito mais.
Descubram
– e decidam – qual a origem de Forever Blowing Bubbles mais os agrada através
da leitura do texto abaixo.
Boa
leitura.
1. Cartaz com os versos da canção (Amazon UK) |
Gerações
de torcedores do West Ham têm cantado “I’m Forever Blowing Bubbles”.
Primeiro
nas arquibancadas de Upton Park, agora no London Stadium, mas muitos não estão
conscientes sobre como esta canção se tornou um dos hinos dos Hammers.
A
canção foi composta em 1919 nos Estados Unidos e se tornou um hit em ambos
lados do Atlântico.
Os
seus autores foram James Kendis, James Brockman e Nat Vincent que se
estabeleceram sob o nome Jaan Kenbrovi, um pseudônimo que havia na partitura
musical original que eles usaram para compor a canção.
2. Capa da partitura de I'm Forever Blowing Bubbles (Wikipedia) |
A
letra foi adicionada por John William Kellette.
Como
Bubbles se tornou associada com o West Ham tem sido objeto de muitos debates ao
longo dos anos.
A
teoria popular é que o cântico da canção veio junto com os improváveis
ingredientes de um anúncio de sopa e um jovem jogador de cabelos ruivos.
Em
1829, Sir John Millais pintou um quadro do seu neto observando uma bolha de
sopa que ele havia soprado por um cachimbo de argila. A pintura foi exibida na
Royal Academy.
3. Sir John Millais (National Portrait Gallery) |
Muitos
anos depois, o fabricante de sopas Pears Soap Works usou a pintura como anúncio
de um dos seus produtos e distribuiu pôsteres por todo Leste de Londres.
Como
a fábrica de sopa estava localizada em Canning Town, os torcedores do West Ham
ficaram familiarizados com os postêres.
Os
garotos do West Ham, do time infanto-juvenil, frequentemente jogavam suas
partidas como mandantes em Upton Park diante de públicos imensos, e um dos
garotos do time, Willian Murray, com seus cabelos curtos e encaracolados,
lembrava o garoto do anúncio nos cartazes.
Rapidamente
ele foi apelidado “Bubbles” Murray e sempre que ele jogava, o público cantava
“I’m Forever Blowing Bubbles”, que acabou se tornando a canção popular do
campo.
4. Cartaz de anúncio das Sopas Pears. Cartaz inspirado no quadro pintado por Sir John Millais (Amazon UK) |
“Bubbles”
Murray se tornou famoso e foi mencionado num programa oficial do clube em maio
de 1921, quando o West Ham Boys enfrentou o Liverpool na final da English
Schools Football Championship.
Entre
os 30.000 espectadores presentes no Boleyn Ground naquele dia estava o Duque de
York, que mais tarde se tornaria o Rei George VI.
Naquele
momento a Beckon Gas Works Band costumava tocar Bubbles antes do pontapé
inicial e esta tradição continuou até aos anos 1970s via Police Metropolitan
Band, pela Leyton Silver Band e, finalmente, pela Brittish Legion Band.
Embora
a canção tenha se tornado popular em todo o campo, havia uma particular
afinidade com os torcedores que ocupavam o setor conhecido como “Chicken Run”.
5. “Bubbles” Murray (Spartacus Educational) |
Era
uma visão encorajadora para o time quando os torcedores gingavam lado a lado
enquanto cantavam Bubbles.
Acredita-se
que Bubbles tenha sido cantada na final da FA Cup de 1923, quando os Hammers
enfrentaram o Bolton Wanderers, mas este não foi o caso, pois um souvenier no
formato de folheto foi lançado naquele dia e continha os versos da canção que
seria cantada a plenos pulmões pelos torcedores dos Hammers, o sucesso
radiofônico Till We Meet Again.
Outra
teoria acerca da origem de Bubbles se refere à conexão com o Swansea Town
(agora Swansea City).
Entre
1920 e 1926, os torcedores galeses costumavam cantar Bubbles nos seus jogos
como mandantes, e isto foi mencionado num livro que conta a história do Swansea
Town, publicado em 1982.
6. Folheto de concurso para criação de uma nova canção para os Swans. No começo do documento se destaca que nos anos 1920s Forever Blowing Bubbles era popular entre os torcedores do clube (Pinterest) |
Havia
uma proximidade muito grande entre os dois clubes.
Os
seus antigos campos eram muito similares e as suas cercanias eram rodeadas por
indústrias e elementos da classe trabalhadora e cada um deles conseguia se
identificar no outro.
Em
várias partidas do Swansea, os relatos sobre os jogos mencionam a canção
entoada pela torcida.
Uma
matéria jornalística do jogo em casa contra o Bury, em 1921, menciona “o sempre
popular canto de Bubbles vindo da arquibancada principal com um tremendo
gingado”.
Para
a partida de copa contra o Clapton Orient em 1924, foi relatado novamente que a
torcida cantou Bubbles entusiasmadamente.
7. Livro de Graham Bubbles the Bubbles Legend (Site They Fly So High) |
O
jornal Leader noticiou que uma viagem dos Swans para enfrentar o Southend
United dava conta que “era uma torcida considerável, que orgulhosamente,
cantava Bubbles.
Finalmente
um relato da partida de Fa Cup contra o Aston Villa em 1925 dava conta que
“apesar da torcida cantar a plenos pulmões Cwm Rhondda e Bubbles, o Villa
ganhou por 3 a 1”.
Em
1922 o West Ham jogou três vezes contra o Swansea Town pela FA Cup, com um jogo
disputado em cada campo e um replay em Ashton Gate, Bristol.
Pode
ser, entretanto, que os torcedores dos Hammers tenham adotado a canção antes
disto.
Naqueles
dias de rivalidade amistosa é possível que ambas torcidas tenham cantado e Bubbles
juntas numa espécie de grande celebração.
8. Distintivo do AFC Telford, outro clube a adotar Forever Blowing Bubbles (Wikipedia) |
O
autor Brian Belton, ao fazer pesquisas para vários de seus livros sobre o West
Ham, levantou outra teoria interessante. Inclusive esta teoria pode explicar
como Bubbles se tornou a canção favorita da East End.
A
canção foi ouvida sendo cantada a plenos pulmões durante a final da War League
Cup de 1940, e é aí que realmente ela começa a se tornar o tema do West Ham.
Ela já tem resistido há vários anos ecoando as esperanças e desapontamentos da
torcida do West Ham.
Muitos
dizem que as palavras são sentimentais demais para uma canção de futebol, mas a
tradição demora a morrer e os torcedores dos Hammers não seriam os mesmos sem o
seu adorado hino.
E
Bubbles não é somente cantada nos campos de futebol, pois sempre que os
torcedores do West Ham se encontram em família ou em festas, eles pedem que a
canção seja tocada.
Leitores
devem ficar felizes em saber que existe um livro intitulado “A Lenda de
Bubbles” que está à venda na loja oficial do clube.
Ele
foi escrito por Graham Murray, filho de Bubbles Murray.
9. Capa de disco, cantado pelos jogadores dos Hammers, feito especialmente para a final da FA Cup de 1975 (Site 45 Football) |
Um
anúncio de sopa, um jogador de futebol de cabelos encaracolados, uma canção
popular, uma conexão com o Swansea e uma coletividade cantando em tempos de
guerra... a evidência por trás da lenda provavelmente se encontra em algum
lugar das brumas do tempo.
Outro
clube que tem Bubbles como sua referência musical é o AFC Telford, que tem
utilizado a canção por muitos anos, já... desde os seus tempos como Wellington
Town.
Nos
anos 1990s, os jogadores foram até o presidente do clube e solicitaram outra
canção que remetesse às tradições do time.
Através
da mídia proporcionada pelo jornal “Shropshire Star”, foi perguntado aos
torcedores o que eles gostariam.
Os
torcedores mais velhos indicaram que eles gostariam que Bubbles fosse mantida
enquanto os torcedores jovens aceitavam uma nova canção.
Chegou-se
a um meio termo quando o West Ham mandou à direção do AFC Telford uma versão
moderna de Bubbles, que havia sido gravada por ocasião da final da FA Cup 1975.
*
* The
Claret & Blue Book of West Ham United: Hammers History, Trivia, History,
Facts & Stats – John Northcutt ©.
10. Gramado do London Stadium repleto de bolhas, marca registrada do clube (Site West Ham) |
Tradução:
Sandro Pontes
Nenhum comentário:
Postar um comentário