Via de
regra se faz uma breve introdução do texto que será apresentado em seguida, mas
desta vez, a introdução será o texto da quarta capa do livro com as 50 maiores
partidas da história do Walsall, pois ele é muito adequado ao que seria escrito
como texto introdutório.
“O que o Walsall Football Club fez de tão especial
para ser muito mais conhecido do que a maioria dos outros clubes que nunca
disputaram a divisão principal da Liga inglesa ou sequer conquistou um troféu
relevante.
O historiador do clube, Geoff Allman, relembra 50
partidas clássicas do Walsall e ajuda os torcedores dos Saddlers a reviver os
grandes momentos da história do time – das performances que derrubaram
gigantes, como o Arsenal e o Manchester United, em partidas de FA Cup às
vitórias empolgantes que desafiaram todas as probabilidades e mantiveram o
status de Division One do clube.
Este livro reconta os altos e baixos do Walsall FC,
lembranças dos gols, das grandes defesas, as grandes jogadas e as exibições de
fazer o coração do torcedor bater mais forte que fazem do futebol o esporte tão
apaixonante que é!”
Bem, feita esta breve introdução é tempo de passer ao
relato do jogo, propriamente ditto, que vocês terão a oportunide ler logo abaixo.
Foi um triunfo sobre o poderoso Manchester United,
numa replay de FA Cup disputado em 7 de janeiro de 1975 em Fellows Park e,
mesmo com o United então na Second Division, se trata de um dos gigantes da
Inglaterra.
Maiores detalhes abaixo.
1. Programa oficial da partida (Pic Click UK) |
Na
superfície este resultado parece tão memorável quanto os 2 a 0 sobre o Arsenal
em 1933, mas o United estava na Second Division naquele tempo, embora na
trajetória do retorno imediato à elite.
O Walsall
teve um belo início de temporada e estava mantendo a sua boa forma com quatro
vitórias consecutivas (incluindo uma sarrafada de 6 a 0 no Brighton & Hove
Albion no começo de novembro) havia deixado os seus torcedores otimistas quanto
a um possível acesso, mas quatro derrotas seguidas antes do período do Natal
colocou um fim àquele otimismo exagerado.
Ken Wheldon
estava na presidência do clube há apenas dois anos e o seu rigor orçamentário
trouxe alguma melhoria para as finanças do clube.
Desde o ano
passado Doug Fraser, o ex defensor do West Bromwich e da Escócia, era o
treinador do time, inicialmente de maneira interina até este acontecimento, que
pouquíssimo poderiam prever que o destino iria colocar Doug no papel de
arquiteto de uma das maiores quedas de gigantes.
2. Ingresso da partida (eBay) |
O Walsall
pareceu eficiente quando ganhou por 3 a 1 do Ashford na Primeira Rodada da FA
Cup e, na etapa seguinte, alcançou o mesmo resultado contra o Newport (então na
Fourth Division) fora de casa.
Quando
então veio a Terceira rodada de dar água na boca em Old Trafford, que deu muito
o que falar nas rodadas da época do natal, a situação do Walsall melhorou na
Liga, também, com uma vitória no Boxing Day sobre o Wrexham (2 a 1) e um empate
sem gols, dois dias depois, contra o Grimsby Town.
O
Manchester United teve resultados diferentes nesta época natalina, batendo o
West Brom por 2 a 1 em Old Trafford e depois sendo derroratado pelo Oldham
Athletic por 1 a 0, mas eles devem ter é mesmo ficado surpresos com a forma
como o Walsall se portou na partida marcada para Old Trafford, um empate sem
gols no Teatro dos sonhos.
De fato, os
Red Devils poderiam ter ganho aquela partida e os torcedores do Walsall, no
meio dos 43.353 espectadores em Old Trafford, estavam muito orgulhosos pela
forma como os seus heróis estavam se portando em campo, mas um pouco receosos
de que aquele raio pudesse não cair duas vezes no mesmo lugar e que no replay
seria uma história diferente.
3. Bernie Wright (Site One Vale Fan) |
O Walsall
não teve nenhuma mudança na equipe para a partida do replay, enquanto o United
troxe o ex Wolves Jimmy McCalliog no lugar de Willie Morgan na ponta direita.
Ambos times
recomeçaram onde haviam sido interrompidos em Old Trafford, pois os habilidosos
jogadores de meio de campo do United foram igualados pelo entusiasmo absoluto
dos jogadores dos Saddlers que proporcionaram uma correria desenfreada.
Bernie
Wright estava brigando por todas as bolas no comando do ataque e foi muito
adequado que ele tenha sido o homem a ir às redes para o time da casa, num
potente chute de pé esquerdo, aproveitando o cruzamento de Brian Taylor tinha
corrido quase 45 metros com a bola dominada pelo flanco direito e pegou de
surpresa a defesa do United com o seu cruzamento.
O Walsall
parecia determinado a segurar sua vantagem, mas então, próximo ao término da
primeira etapa, o árbitro Peter Willis (o mesmo homem que, uma década depois,
expulsaria Kevin Moran do Manchester United na final da FA Cup de 1985)
presentou o United com um pênalti, após a bola bater no braço de Stan Bennett.
4. Alan Buckley em foto de 19 de julho de 1974 (Getty Images) |
Gerry Daly
converteu a sua cobrança de penalidade, mas, até o treinador dos Red Devils,
Tommy Dorchety, admitiu, pouco depois, que aquele foi um pênalti que não
deveria ter sido marcado pelo árbitro.
Sem esmorecer, contudo, o Walsall continuou a
jogar com muito entusiasmo no segundo tempo e quase que marcaram novamente
quando Brian Taylor fez um excelente cruzamento, mas que Alan Buckley não
conseguiu acerta com precisão, desperdiçando uma chance de gol clara para os
Saddlers.
O jogo,
entretanto, permaneceu com o resultado inalterado e foi para o tempo extra e
houve a interessante coincidência de duas estrelas escocesas no campo, Tommy
Docherty e Doug Fraser, tentando inspirar suas tropas durante o confronto.
5. Doug Fraser, treinador do Walsall, fotografado com o novo contratado Roger Hynd (à esquerda) no Fellows Park em 4 de dezembro de 1975 (Gerry Armes/Birmingham Mail/Popperfoto/Getty Images) |
Agora o
jogo virou uma espécie de tudo ou nada e Peter Willis, que premiou os
visitantes com um pênalti no fim do primeiro tempo regulamentar, ignorou duas
reclamações razoáveis em lances claros de serem marcados do Walsall e uma do
United.
E o jogo ia
se arrastando no 1 a 1 já no segundo tempo da prorrogação, para o deleite dos
torcedores locais quando Alex Stepney, ex goleiro da Inglaterra, falhou em
segurar a bola num cruzamento de John Saunders e Alan Buckley aproveitou e
empurrou a bola para o fundo das redes.
Poucos
aplausos foram ouvidos pois, logo no lance seguinte, George Andrews foi
derrubado dentro da área dos Red Devils com violência e o árbitro Peter Willis
apontou a marca da cal.
6. Tommy Docherty, treinador do Manchester United, com as suas estrelas ascendentes, Steve Coppell (à esquerda) e Gordon Hill em foto de 1976 (Bob Thomas Sports Photography/Getty Images) |
Alex
Stepney chegou a encostar a ponta dos dedos no chute de Alan Buckley, mas a
bola acabou entrando no alto da rede para deixar o placar em 3 a 1 para os
anfitriões.
Mas o jogo
ainda não estava acabado, quando Sammy McIlroy diminuiu a desvantagem do United
para 2 a 3, mas o Walsall se segurou bravamente num final de partida muito
tenso, pois os Red Devils se jogaram ao ataque na esperança de provocar um
segundo replay até Peter Willis apitar uma última vez naquele dia, decretando
uma heroica vitória dos Saddlers.
As
celebrações pelo triunfo adentraram a noite, com as palavras de Tommy Docherty
ainda claras na memória e ouvidos quando ele, desportivamente, declarou: “O
Walsall jogou muito bem e desejo muito boa sorte a eles!”
7. Gerry Daly em foto de 1975 (Getty Images) |
Ficha
técnica partida:
Walsall 3 (Bernie Wright, Alan Buckley-2) Manchester
United 2 (Gerry Daly, Sammy McIlroy)
Replay da
Terceira Rodada da FA Cup
Local:
Fellows Park
Data: 7 de
janeiro de 1975
Público: 18.105
Walsall: Mick
Kearns, John Saunders, Colin Harrison, Dave Robinson, Stan Bennett, Nick
Atthey, Brian Taylor, George Andrews, Bernie Wright, Alan Buckley, Alan Birch.
Manchester United: Alex
Stepney, Terence Young, Stewart Houston, Brian Greenhoff, Arnie Sidebotton,
Martin Buchan, Jim McCalliog, Sammy McIlroy, Stuart Pearson, Lou Macary, Gerry
Daly (Ronald Davies). *
* Walsall
Football Club: Fifty of the Finest Matches – Geoff Allman ©.
Tradução: Sandro Pontes
Parabéns pelo seu trabalho no blog e por trazer textos interessantes sobre o nosso mágico esporte.
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