O Troféu Jules Rimet chegou no começo de março de 1966 na Inglaterra, pois dentro de poucos meses seria disputada a Copa do Mundo em solo inglês e o capitão do time vencedor do torneio o ergueria em júbilo no dia 30 de julho.
Mas
na primeira exposição da taça ao público ela foi roubada e, então, houve uma
verdadeira caçada nacional para achar o troféu que envolveu vigaristas tentando
se dar bem em cima da história e um herói improvável.
Ainda
traz uma curiosidade insólita de como o troféu se manteve a salvo dos alemães
durante o desenrolar da Segunda Guerra Mundial.
Maiores
detalhes abaixo.
Boa
leitura.
1. Troféu Jules Rimet (Pacific Press/Getty Images) |
O troféu Jules Rimet foi concebido por Abel Lafleur feito de prata esterlina e banhado de ouro numa base azul de lápis-lazúli. A taça media 34,8cm e pesava 3,76 kg.
A
taça já tinha uma história atribulada antes de chegar à Inglaterra para a
disputada da Copa do Mundo de 1966.
Conquistada
pela Itália em 1938, o troféu permaneceu, durante o período de guerra, dentro
de uma caixa de sapatos embaixo da cama de Ottorino Barassi, o vice-presidente
italiano da FIFA, para mantê-lo a salvo dos alemães.
Em
18 de março de 1966 o Troféu Jules Rimet fez a sua primeira aparição pública na
Inglaterra, num mostruário da Stanley Gibbons na Stampex, numa exposição
britânica de selos na Methodist Central Hall, Westminster.
Foi
feito um seguro no valor de £30.000 para a Jules Rimet, embora o seu valor
estivesse estimado em apenas £3.000.
Ao meio dia e dez minutos da segunda-feira, 20 de
março, a Alsa Guard, a empresa de segurança privada contratada para vigiar e
proteger o troféu, percebeu que o troféu havia sido roubado.
2. A Jules Rimet na exposta na Stampex (Alamy Stock Photo) |
Então teve início uma grande caçada a nível nacional e um pequeno trapaceiro, chamado Edward Walter Betchley, contatou a polícia alegando que estava em posse do troféu e exigindo £15.000 em notas usadas pela devolução do troféu.
Porém, quando ele foi preso, alegou que era apenas
um intermediário de um homem misterioso, o verdadeiro detentor do troféu
roubado, chamado “O Polonês”.
No
seu julgamento, ocorrido em 8 de julho de 1966, Betchley foi condenado a dois
anos de prisão por exigir dinheiro mediante ameaça e intento de roubar a
quantia. Ele faleceu em 1969, pouco tempo depois do cumprimento da sua pena.
Joe
Mears, presidente da Football Association e do Chelsea, questionou ao
presidente da FIFA, Sir Stanley Rous, se em caso de o troféu não ser
encontrado, ele poderia encomendar uma réplica enquanto as buscas continuassem
e não prejudicar o torneio.
A
FIFA recusou a proposta, mas Mears, secretamente, encomendou uma réplica de
bronze para George Bird da Alexander Clark Co.
3. Dave Cobertt e Pickles, alçados à celebridade (Getty Images) |
Uma semana depois o troféu foi encontrado em frente do jardim próximo à residência de Dave Cobertt, um estivador do Tâmisa de 26 anos, em Beula Hill, Upper Norwood, sul de Londres.
Apesar
das histórias, Pickles, um Border Collier preto e branco de um ano, não
encontrou o troféu (mas mesmo assim ele foi imortalizado como o herói que
encontrou a taça e devolveu o orgulho aos ingleses, antes da sua seleção nacional).
Corbett
declarou: “embora Pickles tenha me levado em direção do troféu, fui eu quem
o encontrou. Existem todas estas histórias, da época, de que o troféu foi
enterrado embaixo duma moita do jardim. Bem, não foi exatamente assim”.
Corbett
levou o troféu até a polícia em Gipsy Hill onde um comunicado foi feito:
“Nós
estávamos saindo do portão do prédio onde vivíamos e, na calçada, enquanto eu
colocava a coleira no cão, vi um pacote ao lado da moita. Ele estava embrulhado
em jornal. Caminhei até ele e o peguei, quando percebi que era pesado e então o
desenrolei e fiquei surpreso. Eu havia lido nos jornais acerca do roubo da Copa
do Mundo e visto fotografias do troféu. Embora eu ainda não conseguisse
acreditar que isto fosse possível eu entrei em casa para ver melhor. Então eu
tive certeza que era a Copa do Mundo e disse à minha esposa que iria até a
repartição da polícia em Gipsy Hill, e foi o que fiz: vim diretamente até aqui”.
4. Dave Cobertt e Pickles no local onde o troféu foi encontrado (STAFF/Getty Images) |
Ele e a Copa foram levados até a estação Cannon Road onde Harold Mayes, um dirigente da Football Association, confirmou que aquele realmente era o troféu que havia sumido.
Nem
Dave Cobertt nem Pickles receberam qualquer recompensa formal da Football
Association, sequer uma carta de agradecimento, mas várias pessoas mandaram
dinheiro para Corbett, totalizando £6.000 – seis vezes mais do que os jogadores do English Team receberam por conquistar o troféu dentro de campo.
Corbett
comprou uma casa em Lingfield, Surrey, por £3.100. Pickles ganhou um ano de suprimento
de ração como parte dos agradecimentos pela recuperação do troféu, mas ele
morreu em 1967 quando foi enforcado por sua própria coleira enquanto perseguia
um coelho. Ele foi enterrado no jardim do quintal atrás da casa de Corbett.
Apesar
de Bobby Moore ter erguido o troféu original no dia 30 de julho de 1966, após a
Inglaterra bater a Alemanha Ocidental por 4 a 2, um policial foi designado para
substituir o troféu nos vestiários por uma mera cópia.
A
Jules Rimet foi tomada de Nobby Stiles e, em troca, o meio-campista recebeu a
réplica.
E
foi esta réplica que geralmente foi vista em público até o troféu verdadeiro viajar
para o México para o torneio de 1970, conquistado pelo Brasil, que ficou com a
posse definitiva do troféu após o seu terceiro triunfo na competição.
5. Pickles fotografado local onde o troféu foi encontrado (STAFF/Getty Images) |
Em 20 de dezembro de 1983, no Rio de Janeiro, o troféu Jules Rimet foi roubado novamente e nunca mais recuperado.
A
réplica inglesa foi vendida num leilão em 1997 por £254.500.
A
FIFA a comprou anonimamente e a doou para o English National Football Museum em
Preston.
Quem foi Jules Rimet?
Um
advogado francês nascido em Theuley-les-Lanvocourt em 14 de outubro de 1873,
Jules Rimet foi presidente da Federação Francesa de Futebol de 1919 até 1945 e
da FIFA de 1921 até 1945. Ele faleceu em 16 de outubro de 1956. *
* Firsts,
Lasts and Onlys - Paul Donnelley.
Tradução: Sandro Pontes
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