quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Manchester City – Temporada 1976-77

Neste segundo capítulo termos a oportunidade de ver outro time tentando acabar com a hegemonia do Liverpool em território doméstico.

O desafiante desta vez é o Manchester City, não este a que vocês estão acostumados em tempos recentes: multimilionário e multicampeão, pelo contrário era um City em transição quando a sua melhor fase já havia passado, que situou-se no fim dos anos 1960s e começo dos 1970s.

Pois bem, o City havia sido campeão da Liga na temporada 1967-68, da FA Cup na temporada seguinte (1968-69), campeão da European Cup Winner's Cup na temporada de 1969-70 e a este último título se junte o da League Cup da mesma temporada, ou seja, os Cityzens conquistaram o primeiro Double da sua história e ainda houve mais um título, o da League Cup da temporada 1975-76.

Ou seja, embora não fosse o melhor dos times, O City tinha um cartel de títulos interessantes, além de alguns remanescentes daquela era dourada como Collin Bell e Dennis Tueart e, comandando a partir do banco dos Blues, Tony Book, o antigo capitão desta fase gloriosa do City enquanto jogador. Era um time à altura do desafio!

Os azares que perseguiram o City na temporada foram, basicamente, dois: lesões de jogadores-chave e uma derrota crucial para os Reds em Anfield que, como verão logo mais, fez toda a diferença...

1. Card de Joe Corrigan (Sportsworld Cards)

Antes de passarmos ao relato, como vocês verão no texto logo adiante, há uma frase com a seguinte menção: “eles foram separados pela finura de um Rizla”.

Mas, afinal de contas, o que significa a palavra Rizla?

Para dirimir a dúvida de vocês e, ao mesmo tempo, manter a tradução mais fiel possível ao original, lançamos mão da Wikipedia, conforme vocês podem ver:

Rizla, comercialmente estilizado como Rizla+ é uma marca de papel de seda para cigarros e outros derivados do tabaco ou maconha, para ser enrolado manualmente em cigarros artesanais”.

Ou seja, o autor original quis dizer que o título foi decidido pela margem mínima, da grossura de um papel de seda...

Outro fato que merece atenção é o trocadilho que o autor fez com as cores do City e um conhecido estado de espírito na língua inglesa, a tristeza no título da matéria para descrever a decepção do time: “City left feeling blue”.

Lá é comum a pessoa estar “feeling blue”, que traduzido para a língua portuguesa seria algo como sentir-se triste/desanimado/para baixo (mais precisamente sentindo-se triste).

Feitos estes devidos esclarecimentos, passemos à narrativa principal.

Boa leitura.

2. Joe Corrigan em ação pelos City contra o Chelsea em Stamford Bridge em 21 de agosto de 1971 (Getty Images)

Deixando o City desanimado

O Liverpool foi pressionando de todas as formas pelo Manchester City e o Ipswich Town, mas foi o City quem chegou mais perto.

Eles se colocaram como os principais contendores do Liverpool ao derrotar o Town por 2 a 1 em Maine Road no começo de abril.

Mas a partida decisiva para o destino do título aconteceu uma semana depois, quando o City enfrentou o Liverpool em Anfield.

Os Reds ficaram à frente dos Cityzens ao ganhar por 2 a 1 e, a partir disso, o campeonato ficou na dependência de uma derrota do Liverpool.

3. Card de Dennis Tueart (eBay)

O City nunca se deu por vencido, mas o time de Bob Paisley finalmente assegurou o título ao empatar em 0 a 0, em Anfield, com o West Ham ainda faltando um jogo para encerrar sua participação no campeonato.

O Liverpool ressaltou a importância daquela vitória sobre o City em Anfield ao perder o seu último jogo de Liga, fora de casa, para o Bristol City.

O resultado significou que a margem do vencedor foi de apenas um ponto para o vice-campeão.

Após nove meses e uma semana de luta entre os dois conceituados times do noroeste inglês (pelo menos naquela época), eles foram separados pela finura de um Rizla.

4. Dennis Tueart marcando um gol espetacular na final da League Cup de 1976 contra o Newcastle (The Telegraph)

A performance do City foi mais do que creditável levando-se em consideração as lesões que os privaram de dois jogadores-chave.

O confiável lateral Glyn Pardoe perdeu a campanha inteira.

Mais crucial ainda foi a perda de Colin Bell, o coração e a alma do meio de campo do City.

O fato do time se portar tão bem sem os melhores jogadores, como é o caso de Bell, é um tributo à efetividade do seu moderado treinador à época, Tony Book.
 
5. Willie Donachie (Pinterest)

A contribuição de Book como chefe do clube é frequentemente subestimada por personalidades mais enérgicas e extravagantes como Malcolm Allison ou John Bond.

Mas uma rápida olhada nos livros de recordes mostrará que Book foi um dos treinadores mais bem-sucedidos no City.

Ele era um rapaz de 29 anos que se dividia entre o trabalho de pedreiro e o de jogador em meio período no Bath City antes de fazer sua estreia na Football League pelo Plymouth Argyle.

Seu treinador no Bath, Malcolm Allison, levou o defensor consigo quando se tornou treinador em Home Park.

6. Malcolm McDonald, do Newcastle, e Willie Donachie em ação durante a final da League Cup de 1976 em Wembley (Chronicle Live)

E Allison recrutou Book novamente quando assumiu o clube de Maine Road.

Aos 33 anos, quando a maioria dos jogadores já estava pensando em comprar um pub, ele ganhou o campeonato com o City, foi vencedor da FA Cup e foi eleito Jogador do Ano (conjuntamente com Dave Mackay).

Book se tornou treinador do City em 1974 e ganhou a League Cup em 1976.

Isto foi um prelúdio para a temporada de 1976-77 quando o time que ele montou pressionou muito o Liverpool na batalha pelo título.

7. Dave Watson (Pinterest)

Suas contratações – elas incluíram Joe Royle, Asa Hartford, Brian Kidd, Dave Watson e Mike Channon – ficaram em primeiro plano nos esforços envidados durante a temporada.

Artilheiro da equipe: Brian Kidd, 21 gols.

A carreira de Kiddo atingiu o seu ápice no seu 19º aniversário, quando ele jogava pelo time do Manchester United que ganhou a European Cup em 1968.

Mas ele nem precisou da temporada completa para alcançar o topo da artilharia no time.

8. Dave Watson, segurando a taça recém-conquistada da League Cup em 1976, e seus colegas desfilam após o término do jogo (Pinterest)

Sua marca é ainda mais memorável porque o seu primeiro gol de Liga não veio antes de 30 de outubro.

Jogadores-chave: Joe Corrigan, Dennis Tueart, Willie Donachie, Dave Watson.

Colocação final dos seis primeiros colocados na temporada 1976-77; 42 partidas disputadas, cada vitória valendo 2 pontos):

9. Brian Kidd em foto de 1976 (Pinterest)

1º Liverpool – 57 Pontos; 23 vitórias; 11 Empates; 8 Derrotas; 62 Gols Marcados; 33 Gols Sofridos;

2º Manchester City* – 56 Pontos; 21 vitórias; 14 Empates; 7 Derrotas; 60 Gols Marcados; 34 Gols Sofridos;

3º Ipswich Town – 56 Pontos; 22 vitórias; 8 Empates; 12 Derrotas; 66 Gols Marcados; 39 Gols Sofridos;

10. Brian Kidd disputa a bola com o goleiro Alex Stepney, do Manchester United, em partida disputada em Old Trafford em 1977 (Bob Thomas/Getty Images)

4º Aston Villa – 51 Pontos; 22 vitórias; 7 Empates; 13 Derrotas; 76 Gols Marcados; 50 Gols Sofridos;

5º Newcastle United – 49 Pontos; 18 vitórias; 13 Empates; 11 Derrotas; 64 Gols Marcados; 49 Gols Sofridos; e

6º Manchester United – 47 Pontos; 18 vitórias; 11 Empates; 13 Derrotas; 71 Gols Marcados; 62 Gols Sofridos.

* O City terminou na frente pelo confronto direto com o Ipswich Town (o saldo de gols não contava). ** 

** Alex Murphy ©, Revista Total Football ©.

11. Tony Book exibindo o prêmio de Treinador do Mês, ganho em novembro de 1975 (City Till I Die)

Tradução: Sandro Pontes

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