O
Manchester United, atualmente clube mais vencedor da Liga inglesa, após um
jejum de 26 anos sem títulos nacionais voltou a conquistar o troféu justamente
quando houve a mudança da velha First Division para a Premier League (temporada
1992-93).
Os Red
Devils, até aquela temporada, já haviam conquistado os seguintes títulos
recentes: duas Ligas (1992–93, 1993–94), duas FA Cups (1989–90 e 1993–94) e uma
Copa dos Vencedores de Copas Europeias na temporada de 1990-91.
Todos esses
títulos sob a batuta do inigualável Alex Ferguson.
Obviamente,
se havia uma grande equipe a ser temida no futebol inglês naquela época, esta
era o Manchester United.
1. Asprilla, em ação contra o Liverpool, foi a contratação que implodiu as chances de título dos promissores Magpies (Getty Images) |
O Newcastle
United, um dos clubes mais populares da Inglaterra, no início do Século XX era
um dos mais vencedores até metade dos anos 1950s com quatro títulos de Liga
(1904–05, 1906–07, 1908–09 e 1926–27) e seis conquistas de FA Cup (1910, 1924,
1932, 1951, 1952 e 1955) vinha de um jejum de 69 anos sem conquistar a Liga.
A
diferença, desta para outras temporadas, é que Kevin Keegan conseguiu montar um
time muito forte para a temporada contando com jogadores como Peter Beardsley,
Les Ferdinand e David Ginola entre outros.
O fato é
que o time engrenou e, em determinada parte do campeonato, os Magpies chegaram
a liderar com 12 pontos de vantagem sobre o vice-líder, mas uma contratação
equivocada, no caso Faustino Asprilla, pôs tudo a perder o que parecia ser uma
conquista tranquila...
Antes de
passarmos para a narrativa do texto que fecha a série, alguns esclarecimentos
são necessários:
2. Pôster com a canção One for Sorrow (Pinterest) |
A mascote
do Newcastle é um corvo (mais precisamente uma pega, ave que pertence à família
dos corvos, mas é melhor deixar como corvo mesmo), lá conhecido como magpie e o
seu diminutivo pode ser “mag”.
Esta
explicação toda apenas para que vocês entendam o título que o autor original
deu à narrativa sobre os Magpies, “Mags, one for sorrow”, em tradução literal
“Mags, um pela tristeza”.
Mas aí
também, para quem não conhece bem a cultura inglesa ainda fica um título sem
sentido.
Então, após
pesquisar, descobriu-se que é uma música infantil antiga (também conhecida como
cantiga de roda), cuja origem remonta ao ano de 1780 (fonte: Wikipedia)!
A letra
moderna é a seguinte:
Um pela
tristeza,
Dois pela
alegria,
Três por
uma garota,
Quatro por
um garoto,
Cinco pela
prata,
Seis pelo
ouro,
Sete por um
segredo,
Jamais
dito.
Oito por um
desejo,
Nove por um
beijo,
Dez por um
pássaro,
Que você
não pode perder.
3. Galgo inglês (Deposit Photos) |
Finalmente
há, no texto, a menção ao galgo na frase “...galgo caçando um coelho”.
Galgo nada
mais é que um cão de corrida, o mais rápido deles, chegando a atingir 72 km/h.
Inicialmente
eles eram usados para caçar lebres, esta a razão da referência do autor do
texto original: o Manchester United começou a perseguir o Newcastle como um
galgo implacável perseguia uma lebre (colocaremos uma imagem para vocês vejam o
cão).
Agora passemos
à narrativa principal sobre o martírio dos Magpies.
Boa
leitura.
4. David Ginola (Sporting Heroes Net) |
Mags, um pela tristeza
Em janeiro
de 1996 toda Newcastle estava ansiosa pela maior festa da história da cidade.
Embora o
seu amado United não ganhasse o campeonato desde 1927, ele se encontrava ali,
liderando a Premiership com enormes 12 pontos de vantagem.
Mas, então,
eles se viram forçados a assistir, horrorizados, quando suas chances de título
lentamente sangraram até a morte.
5. David Ginola em ação contra os Red Devils, de Eric Cantona, em St James Park em 4 de março de 1996 (Chronicle Live) |
Os
ferimentos foram, parte auto-infligidos, parte feitos pelo eventual campeão, o
Manchester United.
Talvez o
maior fator da implosão do Newcastle tenha sido a precipitada contratação de
Faustino Asprilla.
Naquela
altura, quando o treinador dos Geordies, Kevin Keegan, só tinha que manter o
barco com a quilha estável até o mês de maio, ele esbanjou £7 milhões no
turbulento colombiano.
6. Peter Beardsley (Pinterest) |
Até a chegada
de Asprilla, Keegan tinha acertado o ataque com Peter Beardsley, Les Ferdinand,
Keith Gillespie e David Ginola fornecendo uma linha ofensiva poderosa e
insinuante.
Mas Tino
foi um coringa em demasiado.
Se você
consegue identificar um momento em que as coisas penderam para Manchester, esta
seria a noite de 4 de março.
7. David Platt e Peter Beardsley disputam a bola em partida válida pela FA Cup no estádio de Highbury em 1º de abril de 1996 (Getty Images) |
Os dois
Uniteds batalhariam em St James Park e, na maior parte da noite, o Newcastle
açoitou a meta defendida por Peter Schmeichel.
Mas a
defesa vermelha se manteve firme, Eric Cantona marcou no contra-ataque e os
homens de Alex Ferguson levaram os pontos em disputa.
Daquele
momento em diante o Manchester United grudou no Newcastle United como um galgo
caçando um coelho.
8. Rob Lee (Sporting Heroes Net) |
Antes do
último dia da temporada Keegan, memoravelmente, destacou que Ferguson tinha que
ir até Middlesbrough e conseguir alguma coisa por lá.
E o escocês
conseguiu; e Andy Cole, o homem que Keegan controvertidamente vendera para
Ferguson por £7 milhões, marcou um dos gols.
Rob Lee
escreveu em sua autobiografia ‘Entre no nº 37’: “A temporada 1995-96 será para
sempre lembrada como uma das quais o Newcastle jogou fora a primeira
oportunidade real do clube assegurar o título da Liga em 69 anos. E ainda
mantenho a opinião de que foi mais uma vitória do Manchester United do que uma
derrota nossa”.
9. Rob Lee e Jamie Redknapp disputam a bola no jogo entre as duas equipes pela Liga em 3 de abril de 1996 (Getty Images) |
Ele tinha
um ponto de vista.
Inspirado
por Cantona, que tinha iniciado a temporada em outubro em virtude da sua
demonstração de artes marciais em Selhurst, o Manchester United ganhou 13 dos
seus últimos 15 jogos.
Artilheiro
da equipe: Les Ferdinand, 25 gols.
10. Les Ferdinand (Pinterest) |
Les inseriu
o seu nome à lista de lendários camisas 9 de Tyneside na sua temporada dourada.
Ele
deliciou-se com uma dieta de cruzamentos sem parar de David Ginola e Keith
Gillespie e das jogadas em profundidade com Peter Beardsley.
Os seus 25
gols marcados renderam a Ferdinand o prêmio de Jogador do Ano concedido pela
Associação dos Jogadores Profissionais.
11. Les Ferdinand em ação contra o Ferencvaros na partida de Copa da Uefa disputada em 29 de outubro de 1996 (Magpies Zone) |
Jogadores-chave:
David Ginola, Peter Beardsley, Rob Lee, Les Ferdinand, Keith Gillespie.
Colocação
final dos seis primeiros colocados na temporada 1995-96 (38 partidas
disputadas, cada vitória valendo 3 pontos):
1º
Manchester United – 82 Pontos; 25 vitórias; 7 Empates; 6 Derrotas; 73 Gols
Marcados; 35 Gols Sofridos;
2º
Newcastle United – 78 Pontos; 24 vitórias; 6 Empates; 8 Derrotas; 66 Gols
Marcados; 37 Gols Sofridos;
12. Card de Keith Gillespie (eBay) |
3º
Liverpool – 71 Pontos; 20 vitórias; 11 Empates; 7 Derrotas; 70 Gols Marcados; 34
Gols Sofridos;
4º Aston
Villa – 63 Pontos; 18 vitórias; 9 Empates; 11 Derrotas; 52 Gols Marcados; 35
Gols Sofridos;
5º Arsenal
* – 63 Pontos; 17 vitórias; 12 Empates; 9 Derrotas; 49 Gols Marcados; 32 Gols
Sofridos; e
13. Keith Gillespie em ação contra Rod Wallace, do Leeds United, na partida disputada entre as duas equipes em 21 de setembro de 1996 em Elland Road (Getty Images) |
6º Everton
– 61 Pontos; 17 vitórias; 10 Empates; 11 Derrotas; 64 Gols Marcados; 44 Gols
Sofridos.
* O
Arsenal, embora empatado no número de pontos com o Aston Villa, ficou na 5ª
colocação por ter uma vitória a menos que o seu adversário (17 contra 18).
** Alex
Murphy © Revista Total Football ©.
14. Kevin Keegan (Mirror UK) |
Tradução:
Sandro Pontes
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