sábado, 30 de novembro de 2019

Blues neste dia

1944: Nascimento de George Graham em Bargeddie, Escócia.

Maiores detalhes abaixo.

Boa leitura.

1. George Graham (Getty Images)

Quinta-feira, 30 de novembro de 1944

George Graham, um jogador muito habilidoso e que teve duas temporadas muito produtivas nos Blues, nasceu em Bargeddie.

A parceria desenvolvida entre Graham e Barry Bridges foi responsável por mais de 80 gols.

Apelidado de Andarilho por causa do seu estilo desleixado de correr, ele era de uma criatividade ímpar, além de um ótimo finalizador, especialmente em jogadas aéreas.

Ele chegou em Stamford Bridge em junho de 1964, contratado junto ao Aston Villa por £5.000, valor que o Arsenal teve que multiplicar por dez para persuadir os Blues a venderem seu jogador.

2. George Graham em ação pelos Blues contra o Sunderland (Alamy Stock Photo)

Ele também teve passagens pelo Manchester United, Portsmouth e Crystal Palace e fez 12 aparições pela Escócia.

Graham se tornou treinador após se aposentar dos gramados, sendo celebremente bem-sucedido nos Gunners, mas também ajudou os Spurs a conquistarem o troféu da League Cup de 1999.

Ele também dirigiu o Leeds United nos anos 1990s.

Graham também atuou frequentemente como comentarista de rádio e televisão. *

* Chelsea On This Day: History, Facts & Figures from Every day of the Year - Mike Donovan ©.

3. George Graham com a camisa da Escócia (Twitter Football Memories)

Tradução: Sandro Pontes

Cityzens neste dia

1963: Goleada sobre o Huddersfield Town em Maine Road.

Maiores detalhes abaixo.

Boa leitura.

1. Jimmy Murray em foto de 1965 (Getty Images)

Sábado, 30 de novembro de 1963

Com dois gols de cada, Jimmy Murray e Derek Kevan, mais um de Matt Gray dão uma confortável vitória sobre o Huddersfield Town por 5 a 2 em Maine Road.

A vitória permite ao time de George Poyser subir para a décima primeira colocação da Division Two, ainda distante daqueles que pleiteiam uma das vagas de acesso á elite, e apenas 16.192 espectadores compareceram a Maine Road enquanto as bilheterias do City continuam a despencar vertiginosamente. *

* Manchester City On This Day: History, Facts & Figures from Every day of the Year - David Clayton ©.

2. Barry Bridges e Derek Kevan (Getty Images) 

Tradução: Sandro Pontes

Magpies neste dia

1907: Empate emocionante com o Villa em Birmingham;

1974: Vitória sobre o Manchester City em St James’ Park; e

1996: Os Gunners batem os Magpies em St James’ Park.

1. Jimmy Howie, à esquerda e John Carr, fazendo treinamentos, provavelmente um estilo típico da era Eduardiana, observados pelo assistente de treinador Jimmy McPherson e o diretor J.P.Oliver em foto de 1907 (Popperfoto/Getty Images)

Sábado, 30 de novembro de 1907

Os poucos Geordies que viajaram até o Villa Park viram um grande jogo, que terminou empatado em 3 a 3.

O time do Newcastle recebeu um empolgante aplauso quando entrou em campo por causa da goleada aplicada no rival do Villa, o Birmingham City, por 8 a 0 uma semana antes em St Andrews, mas desta vez não houve repetição do elástico placar.

Os gols dos Magpies forma marcados por Bill Appleyard, Jimmy Howie e Ronny Orr.

2. Malcolm McDonald (Alamy Stock Photo)

Sábado, 30 de novembro de 1974

Os 37.684 espectadores em St James’ Park presenciaram um bom jogo no qual o Newcastle venceu o Manchester City por 2 a 1, gols de Malcolm McDonald e Pat Howard.

O desempenho do Newcastle fora de casa é medíocre, para falar em termos suaves, mas a vitória de hoje significa que os Magpies jogaram três partidas como mandantes em novembro e ganharam todas elas!

3. Card de Pat Howard (Premier Football Cards)

Sábado, 30 de novembro de 1996

O Newcastle perde o seu lugar no topo da tabela de classificação quando é derrotado pelo Arsenal num St James Park lotado com 36.565 espectadores.

Alan Shearer marca para os anfitriões, mas o Arsenal volta para Londres com os três pontos da vitória por 2 a 1, gols de Lee Dixon e Ian Wright e deixam os Magpies com a sensação de que lhes faltou melhor sorte naquela tarde. *

* Newcastle United On This Day: History, Facts & Figures from Every day of the Year - David Potter ©.

4. Alan Shearer deixou sua marca, mas os Magpies amargaram uma derrota para os londrinos do Arsenal (Mirrorpix/Getty Images)

Tradução: Sandro Pontes

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Manchester City - Johnny Marr revela como se apaixonou pelos Cityzens

O guitarrista e cantor Johnny Marr, eternamente ligado à história da mítica banda The Smiths, pois ele foi um dos fundadores, é um aficionado pelo Manchester City e, sempre que pode, acompanha ao vivo o seu time do coração no Etihad Stadium 

Como acredito que um grande contingente dos leitores do blog seja composto de jovens, coloco o link do Youtube com um dos grandes sucessos da banda: Bigmouth Strikes Again.

Agora voltando à entrevista, concedida ao Manchester Evening News, em março de 2019, Marr declara todo o seu amor pelos Cityzens e, também, revela quando esta paixão começou: um longínquo janeiro de 1972, quando então um Johnny Marr com apenas nove anos assistiu ao seu time bater os Wolves por 5 a 2 em Maine Road, três gols do herói Franny Lee.

Por uma feliz coincidência achou-se o texto que narra como foi aquela partida que encantou Johnny Marr, cujo texto será reproduzido após a matéria do Manchester Evening News, retirada do site City Till I Die (escrito por David Clayton).

Outro ponto que vale destacar é que, ao tempo da entrevista, os Cityzens ainda brigavam por quatro títulos ao término da temporada, porém, coma eliminação para os Spurs nas quartas de final da Champions League, eles conquistaram “somente” um treble (Premier League, FA Cup e League Cup).

Antes de adentrar ao texto, propriamente dito, é preciso, considerando-se que algum leitor possa não conhecer a banda The Smiths, lançaremos mão da Wikipedia para trazer um breve resumo da história relativamente curta do conjunto musical (1982-1987), mas extremamente passional (toda vez que penso em Smiths lembro dum texto lido no Rough Guide of Rock, 1ª edição): “havia adoração entre os Smiths e os seus fãs”.

“The Smiths foi uma banda britânica de rock formada em Manchester em 1982. Tendo como principal característica a parceria nas composições de Morrissey (vocal) e Johnny Marr (guitarras), a banda também incluía Andy Rourke no baixo e Mike Joyce como baterista.

Os críticos consideram a banda como sendo a mais importante banda de rock alternativo a surgir nos anos 1980s.

A banda assinou contrato com a Rough Trade Records, pela qual eles lançaram quatro álbuns, várias coletâneas e diversos singles.

Embora alcançando pouco sucesso comercial fora do Reino Unido durante os seus anos de atividade, a banda conquistou grande sucesso nos anos decorrentes, mantendo-se nas prateleiras das lojas até os dias de hoje.

A banda encerrou suas atividades em 1987, nunca vindo a se reunir novamente.

1. The Smiths. Da esquerda para a direita: Johnny Marr, Morrissey, Andy Rourke a Mike Joyce (Getty Images)

O NME (New Musical Express) nomeou os Smiths como os "artistas mais influentes de sempre" em uma votação de 2002.

A banda foi formada no início de 1982 por Steven Patrick Morrissey, um escritor que era grande fã de New York Dolls e que foi vocalista por um curto período da banda de punk rock The Nosebleeds, e pelo guitarrista e compositor John Maher (que, posteriormente, alterou o seu nome para Johnny Marr para não ser confundindo com o baterista da banda Buzzcocks).

Após gravarem várias fitas demo com Simon Wolstencroft (que fez parte da banda The Fall) na bateria, Morrissey e Marr recrutaram o baterista Mike Joyce no outono de 1982, tendo este um histórico dentro do punk nas bandas The Hoax e Victim.

Além de Joyce, também entrou para a banda o baixista Dale Hibbert, que trabalhava como engenheiro de gravação em um estúdio, o que possibilitava que a banda gravasse suas fitas demo.

Porém, após um show, um amigo de Marr, Andy Rourke, assumiu o posto de baixista, pois, segundo Marr, nem a personalidade, nem a maneira de Hibbert tocar se encaixavam no estilo do grupo.

O nome da banda foi escolhido, em parte, como uma maneira de contrapor os nomes usados por bandas de synthpop como Orchestral Manoeuvres in the Dark e Spandau Ballet, pois para os músicos, tais nomes soavam pretensiosos demais.

Em uma entrevista em 1984, Morrissey afirmou que escolheu o nome "The Smiths" "... porque dos nomes era o mais comum" e por pensar que "era o momento em que as pessoas comuns mostravam seus rostos".

Em tradução livre, o vocábulo "Smith" - um sobrenome muito comum na Inglaterra (comparável ao "Silva", no Brasil) - seria "ferreiro" ou "serralheiro".

Feitos todos estes esclarecimentos passemos ao tão esperado texto.

Boa leitura.

2. Johnny Marr no Etihad Stadium dando entrevista para a Man City TV antes da partida com o Atalanta pela Champions League em 22 de outubro (Getty Images)

 
Johnny Marr revela como se apaixonou pelo Manchester City

A lenda da música de Manchester falou sobre o seu amor pelo Man City.

Por Steve Railston ©, 29 de março de 2019, às 11:46

O time de Pep Guardiola tem uma variedade de estrelas talentosas, mas, fora do gramado, o Man City gaba-se de ter, entre os seus torcedores, alguns dos músicos maia famosos do mundo.

3. Noel Gallagher, ex Oasis, e Johnny Marr flagrados pela televisão durante a partida contra o Arsenal em 3 de fevereiro no Etihad Stadium. O City bateu os londrinos por 3 a 1 (Daily Mail)

Noel e Liam Gallagher do Oasis, por exemplo, não fizeram segredo da sua afeição pelo City ao longo dos anos e, da mesma maneira, Johnny Marr, que fez parte dos Smiths.

Os Blues atualmente estão perseguindo o seu quarto título de Premier League na era moderna do futebol inglês e possuem uma das equipes mais invejáveis do futebol.

Os Cityzens também possuem uma infraestrutura de classe mundial, incluindo multimilionário complexo de treinamento que assegura a sustentabilidade de futuros sucessos.

O City está praticamente irreconhecível do que ele foi há algumas décadas atrás, com o clube brevemente flertando com a quarta divisão da Inglaterra em poucas ocasiões, enquanto também chamava a sua casa de Maine Road.

4. Noel Gallagher e Johnny Marr no Etihad Stadium após a partida contra o West Ham em 11 de maio de 2014. Eles estão comemorando o título da Liga ao lado dum torcedor (Getty Images)

Nascido e criado Mancunian, Marr, que é responsável por algumas músicas mais icônicas da Grã-Bretanha é um torcedor do City de longa data e testemunhou os altos e baixos do clube.

E o músico de 55 anos, falando ao BBC Sport, agora recorda quando se apaixonou pelo City ao dizer: “A primeira vez em que que fui vê-los foi em 1972”.

“Foi um jogo do City contra os Wolves e eu fui com um amigo. Eu tinha uns nove anos naquele tempo e, como diversos torcedores de futebol, tenho uma grande lembrança da minha primeira ida ao estádio, de caminhar por lá e de entrar no gramado e ver o campo, aquele imenso espaço verde combinado com o barulho e toda a excitação e energia do lugar. Isto nunca mais será esquecido, aquela lembrança”.

“Naquela época o City tinha o seu famoso time dos anos 1970s com Mike Summerbee, Colin Bell e Franny Lee”.

5. Gallagher e Marr no Etihad comemorando o título da Liga 2013-14 (Getty Images)

Felizmente para mim, meu primeiro jogo foi uma vitória por 5 a 2 com Lee marcando um hat-trick e eu simplesmente fiquei apaixonado com a coisa toda. Fiquei apaixonado pelo uniforme e pela atmosfera do jogo e se tronou uma jornada interessante desde então.

A “interessante jornada” do City continuará e o clube ainda está na disputa por um inédito triunfo quádruplo nesta campanha.

O City de Mike Summerbee, Colin Bell e Franny Lee é uma lenda de antigamente e não há dúvidas de que os homens de Guardiola podem se situar no mesmo patamar se eles trouxerem ainda mais troféus. *

No site dedicado ao City, chamado City Till I Die, há a descrição desta partida que encantou Johnny Marr e será reproduzida para vocês logo abaixo:

6. Programa oficial da partida entre o City e os Wolves (10 Footballs)

“O City imediatamente emparedou o adversário visitante. Com o gramado de Maine Road reduzido a um lamaçal com algumas faixas de grama aqui e ali. A bola não consegui rolar adequadamente pela superfície e os times tiveram que se adaptar para fazer ligação direta como recurso para dar andamento ao jogo.

Os Blues, entretanto, roubaram a cena quando, com apenas cinco minutos jogados, Tommy Booth colocou os anfitriões à frente no placar por 1 a 0 e, aos 24, Lee marcou o seu 21º gol na temporada para, aparentemente, colocar o time da casa numa posição privilegiada.

Mas, tão perigoso quanto era o ataque do City, havia pontos fracos na defesa do time da casa que os Wolves começaram a explorar.

Joe Corrigan parecia não estar em um bom dia e os seus defensores dificilmente passavam um jogo se conceder, pelo menos, um gol. Já fazia sete partidas desde que o City conseguira o seu último clean sheet e, aos 34 minutos, o prolífico John Richards diminuiu a desvantagem dos visitantes.

7. Franny Lee marcando um dos seus gols na partida (City Till I Die)

Aquele choque pareceu acordar um primoroso time do City e, seis minutos depois do gol de Richards, Towers restaurou a vantagem de dois gols dos Blues ao marcar o terceiro gol do time e deixar em 3 a 1.

Seja o que for que Mercer e Allison tenham dito ao time no intervalo, não fez efeito imediatamente, pois Richards, novamente, recolocou os Wolves no jogo quando marcou o seu segundo gol na tarde, apenas seis minutos após a volta para o segundo tempo.

Quando o relógio já marcava uma hora de jogo Mike Summerbee se machucou e saiu mancando de campo para a entrada do substituto Freddie Hill, que saiu do banco para fazer sua primeira aparição pelos Blues na temporada e foi este mesmo Hill que mudou o ritmo do jogo, adicionando uma nova dinâmica ao meio de campo do City que, estranhamente, havia perdido o seu ímpeto inicial, especialmente em virtude de Colin Bell, aparentemente, estar desfrutando de um dia de folga.

O próximo gol seria crítico, se ele fosse marcado pelo City, não deixaria mais margem para uma reação para os visitantes... o super substituto Hill provou ser o diferencial dos Blues quando, numa cobrança de escanteio, ele cabeceou para trás e encontrou um Lee sem marcação para vencer a defesa adversária e marcar o quarto gol do City naquela tarde aos 65 minutos, permitindo a uma plateia tensa em Maine Road desfrutar um último terço do jogo com mais tranquilidade e Lee, em tarde inspirada, deu o golpe de misericórdia ao completar o seu hat-trick quando faltavam dois minutos para o término do confronto. **

8. Franny Lee, braço erguido, comemorando um dos seus gols na partida (City Till I Die)

Ficha técnica partida em que Johnny Marr compareceu:

Manchester City 5 (Francis Lee-3, Tommy Booth, Towers) Wolverhampton Wanderes 2 (John Richards-2)

League Division One

29 de janeiro de 1972

Local: Maine Road

Público: 37.639

Manchester City: Joe Corrigan, Tony Book, Willie Donachie, Mike Doyle, Tommy Booth, Alan Oakes, Mike Summerbee, Colin Bell, Wyn Davies, Francis Lee, Tony Towers (Freddie Hill).

Wolverhampton Wanderes: Phil Parkes, Bernard Shaw, Derek Parkin, Alan Sunderland, Frank Munro, John McAlle, Jim McCalliog, Danny Hegan, John Richards, Derek Dougan, David Wagstaffe (Peter Eastoe).

* Steve Railston ©
** David Clayton ©

9. Lance da partida entre o City e os Wolves (City Till I Die)

Tradução: Sandro Pontes

Aston Villa - A classe do Rei Pelé na Vila da Rainha

Aston Villa 2 Santos 1 – Amistoso 1972

O Villa, no começo dos anos 1970s conseguiu o que muitos times desejavam na época: levar o Santos Futebol Clube de Pelé para jogar no Villa Park.

O grande Santos de Pelé sempre era requisitado para amistosos no mundo inteiro e, onde quer que fosse, especialmente por conta do Rei do Futebol, sempre foram o centro das atenções.

E não foi diferente neste amistoso com Aston Villa disputado em fevereiro de 1972 em Birmingham.

Mas, antes da bola rolar, aconteceram muitas coisas que quase impedem o jogo de acontecer, bem como durante o jogo também houveram alguns fatos inusitados.

Descubram maiores detalhes e bastidores do jogo ao ler o ótimo texto abaixo.

Boa leitura.

1. Programa oficial da partida autografado por Pelé (eBay)

A temporada de 1970-71, tendo perdido para os Spurs numa dura batalha pela League Cup e tendo deixado escapar a subida à Second Division por pouco, foi um tipo de experiência “quase lá” tanto para jogadores quanto para torcedores.

Isso significava que o Villa encararia uma segunda temporada consecutiva labutando no terceiro nível do futebol inglês.

O Villa começou a campanha de 1971-72 muito bem e em fevereiro estava confortavelmente posicionado na tabela de classificação e olhando adiante, pensando seriamente no acesso à Second Division.

Além disso o gerente comercial do clube, Eric Woodward, tinha arranjado alguns amistosos muito empolgantes e bem-sucedidos perante o público, no Villa Park contra times como o gigante alemão Bayern de Munique e o time polonês do Gornick Zabrze.

O próximo na agenda de Woodward era o Santos do Brasil apresentando o, muito provavelmente, melhor jogador no mundo naqueles tempos, Edson Arantes do Nascimento ou simplesmente, como ele é conhecido em todo canto do planeta, Pelé.

Como Woodward conseguiu atrair tão requisitados oponentes para o Villa Park é uma façanha por si só, mas o fato de como esta partida conseguiu ser realizada foi um pequeno milagre.

2. Verso do programa com anotações sobre as escalações das duas equipes (Twitter Old Football)

1972 foi ano da greve nacional dos mineradores, que começou em 9 de janeiro e se estendeu por sete semanas.

A partir de 5 de fevereiro as fábricas começaram a dispensar trabalhadores por causa da falta de energia e a estação de rádio local da BBC estava alertando sobre cortes de energia residenciais.

Esta situação levou o Governo Conservador a declarar estado de emergência e, para economizar eletricidade, eles introduziram a semana de três dias trabalhados.

Um resultado direto desta situação foi o início das partidas de futebol mais cedo, incluindo os jogos de meio de semana a fim de economizar energia.

Isto deixou o Villa, de acordo com relatos da imprensa na época, que já tinha concordado em pagar ao Santos em torno de £13.000 para jogar a partida, numa situação muito difícil.

Pareciam haver três opções.

Em primeiro lugar, eles podiam mudar o horário do início da partida para a tarde de segunda-feira, entretanto isso consideravelmente reduziria a presença do público.

3. Pelé e o time do Villa entrando em campo (Pinterest)

Outra opção seria cancelar o jogo o que era visto como totalmente fora de questão.

A terceira possibilidade era procurar um gerador para garantir o funcionamento dos refletores e das luzes de emergência.

Esta última opção seria, por razões óbvias, muito difícil de se fazer.

Após muitas reuniões e discussões extraoficiais foi decidido que o show deveria continuar como originalmente planejado e, então, o presidente Doug Ellis embarcou numa desafiadora missão de procurar um gerador.

Após muita procura em toda Europa ele finalmente localizou um na Holanda pelo qual o clube pagou £5.000, contudo só uma parte do problema estava resolvido.

O próximo desafio era como importar o gerador para o Reino Unido e então para Birmingham sem atrair a atenção dos piquetes, que fariam o seu melhor para impedir o seu avanço.

4. Os capitães de Villa e Santos, Bruce Rioch e Oberdan, trocam flâmulas e cumprimentos diante do árbitro Jack Taylor que se encontra à direita (Getty Images)

Como isso foi conseguido nunca foi devidamente explicado, mas é suficiente dizer que o dito gerador chegou no estacionamento do Villa Park embalado em diversas caixas.

A próxima tarefa era remontar a máquina e testá-la. Felizmente, após o enorme trabalho, ele funcionou de acordo com o plano e o jogo estava em pé!

Enquanto isso Pelé e o time do Santos viajaram para Paris e voariam à Birmingham no dia seguinte e depois para o seu hotel.

Então em uma tarde fria de domingo os brasileiros foram recepcionados em Birmingham por um público animado no Hotel Albany localizado no centro da cidade.

Durante a subsequente coletiva de imprensa Pelé fez muitos amigos ao elogiar o Aston Villa desta maneira: “Eu sei que eles estão na Third Division, mas em meu país eles ainda são grandes!”

Vic Crowe, que também foi entrevistado no evento disse sobre Pelé: “Eu joguei contra ele três vezes e isto é o mais próximo que eu já estive dele.”


5. Pat McMahon abriu o placar para o Villa (Pinterest)


Enquanto isso, Jimmy Brown, o jovem e empolgante meio-campista do Aston Villa, estava tentando desesperadamente pegar um voo de volta da Islândia onde ele havia jogado pela fase classificatória da Copa do Mundo Juvenil pela Escócia.

A razão da sua ansiedade era porque ele queria estar de volta em Birmingham a tempo para o jogo do Santos.

Jimmy conta sua história: “Eu liguei para Vic (Crowe) e perguntei se eu poderia jogar contra o Santos se voltasse da Islândia em tempo. Eu disse a ele que se eu jogasse poderia marcar o Pelé durante o jogo”.

De acordo com Jimmy, Vic não estava feliz com o pedido e explicou a ele de uma maneira não muito segura que queria que Pelé tivesse alguma liberdade para poder entreter o público.

Tendo em conta este comentário de Vic é fácil de entender porque Jimmy não foi selecionando para jogar, embora tenha conseguido voltar em meio a um horrível congestionamento em Birmingham, causado pela grande multidão tentando chegar no Villa Park e chegou ao campo com menos de dez minutos para o início do jogo.

Nesse meio tempo o gerador apresentou problemas.

6. Ray Graydon ampliou a vantagem do Villa em cobrança de pênalti (Getty Images)

Parecia que ele era potente para gerar energia para três dos quatro refletores e o jogo ainda corria o risco de ser cancelado.

Felizmente após acaloradas negociações com os dirigentes do Santos, que incluíam Pelé, foi decidido que se jogaria com a iluminação deste jeito, mesmo.

Isto significava que haveria somente um refletor funcionando no setor Witton End do campo.

De volta ao vestiário do Villa, Neil Roch, um substituto não utilizado no jogo, lembra que atmosfera estava ficando eletrizante (sem nenhum trocadilho) similar a um grande jogo da FA Cup.

Ele explicou: “Como profissional você sonha em jogar contra os grandes jogadores e não poderia haver nada melhor do que jogar contra o Santos naqueles tempos.

“O Brasil havia ganho a Copa do Mundo no México e os jogadores que jogavam naquela época todos concordam que aquela seleção nacional foi o maior time de futebol que já tinham visto e alguns deles estavam jogando contra nós no Villa Park”, complementa Rioch.

7. O treinador Vic Crowe em foto de 23 de agosto de 1971 (Getty Images)

Ray Graydon, que estava em sua primeira temporada pelo Aston Villa, ecoa as memórias de Neil: “Eu era somente uma criança e estava aguardando para jogar contra Pelé e todos aqueles brasileiros de categoria internacional. A coisa toda foi como se estivesse no topo do mundo para mim – algo de enorme importância”.

Com a questão dos refletores resolvida, surgiram mais problemas. Evidentemente que os dirigentes do Santos estavam descontentes e salientaram que, com um público de quase 55.000 pessoas no estádio, o cachê acordado anteriormente não era mais apropriado.

Por essa razão eles insistiram em renegociar o acordo.

Jimmy Brown lembra disso claramente, pois ele estava parado no túnel próximo de onde as discussões aconteceram: “O Santos disse que não poderiam ir a campo a não ser que eles recebessem mais £10.000 e o Villa teve que pagar”, comentou Jimmy.

Outros relatos sugerem que a não ser que o cachê pela aparição do Santos fosse aumentado para refletir a presença do público, o jogo ainda poderia prosseguir, mas Pelé não jogaria.

Seja qual for a verdade neste embate, o jogo finalmente aconteceu, Pelé jogou e o Villa atacou para o pouco iluminado lado do Witton End no primeiro tempo.

O time da casa começou com esta equipe: Cumbes, Wright, Aitken; Rioch B., Curtis, Tindall; Graydon, McMahon, Locchead, Hamilton e Martin. Substitutos: Lynch, Tiler, Hoban, Rioch N. e Hughes.

8. Crianças tentando abraçar Pelé no Villa Park após o término do jogo (Twitter Aston Villa)

Desde o apito inicial estava claro que o Villa levaria o jogo muito a sério.

Nesse aspecto eles marcaram o Santos muito firme e deram poucas oportunidades para os brasileiros jogarem o seu jogo de exibição. Como Charlie Aitken relembra: “Os brasileiros certamente perceberam que estavam num jogo sério”.

Conforme o jogo se desenrolava, Ray Graydon constatou que havia batido o lateral esquerdo e lembra claramente: “Eu passei pelo lateral mais vezes naquele jogo do que eu havia feito em qualquer outro jogo em minha vida... eu estava surpreso e pensei: ‘bem, isto era magnífico’!”

Foi de um escanteio cobrado por Ray, seguido de um dos seus muito ataques pela ponta direita que resultou no primeiro gol do jogo.

O cruzamento de Ray foi desviado da sua trajetória por uma casquinha de Charlie Aitken e encontrou o desmarcado Pat McMahon que empurrou a bola fora do alcance do goleiro no alto da rede.

O público foi à loucura e, aparentemente, sua celebração podia ser ouvida no centro de Birmingham.

9. Pelé acenando para o público antes de se retirar do campo (Pinterest)

O Aston Villa continuava a pressionar, mas conforme o primeiro tempo ia passando, Pelé entrou mais no jogo e finalmente começou a exibir sua categoria.

De acordo com relatos contemporâneos da imprensa, alguns dos seus passes com a parte interna ou externa de ambos os pés desafiavam a lógica.

O Birmingham Post se entusiasmou: “conforme o primeiro tempo passava, ele correu com a bola dominada, penetrando na defesa adversária e batendo os seus oponentes com facilidade”, entretanto, em que pesem todos os esforços, o time de Pelé foi para o intervalo perdendo por 1 a 0.

Durante o intervalo mais controvérsia surgiu a respeito dos refletores.

Como mencionado anteriormente o gerador apenas estava apto para fornecer energia para as luzes de emergência e três dos quatro refletores, deixando o gol do lado da Witton End às sombras.

Por alguma razão, que nunca foi adequadamente explicada, alguém mudou a iluminação nos arredores da Holte End e este se tornou o canto mais escuro do campo.

Com os times voltando do intervalo o Santos deveria defender o lado mais escuro do campo no segundo tempo da partida.

10. Pelé conversa com fotógrafo antes de ir para os vestiários (Pinterest)

Contudo, Pelé, compreensivelmente, viu isso como sendo altamente injusto e, consequentemente, os brasileiros se recusaram a voltar para o segundo tempo enquanto as luzes não fossem revertidas à sua configuração original.

Ray Graydon relembra o incidente: “Pelé apareceu no meio do intervalo e ficou olhando a iluminação e reclamou com todo mundo que eles não queriam defender o lado sombrio. Eu acho que foi o árbitro Jack Taylor que resolveu a situação e nós atacamos para Holte End, com os refletores ligados daquele lado e deixando Cumbsey (goleiro do Villa) na escuridão do outro lado!”

Uma vez que finalmente o segundo tempo começou não levou muito tempo para o Villa melhorar a sua vantagem.

Bruce Rioch mostrou uma das suas marcas registradas, a corrida do meio de campo até chegar perigosamente na área adversária onde ele cinicamente desabou.

Pênalti!

Um jovem Ray Graydon caminhou em frente de uma lotada Holte End e não vacilou na marca da cal.

O jogo teve altos e baixos pela próxima meia hora ou mais até Brian Tiler, que substituiu George Curtis, derrubar Pelé no limite da grande área.

11. Aparentemente – não consegui identificar o jogador durante a pesquisa de imagens referentes ao jogo - Pat McMahon com a camisa de Pelé após o término do jogo (Pinterest)

Ele resultou no tiro livre convertido por Edu que ainda é considerado um dos mais belos já vistos no Villa Park.

Ele chutou a bola por cima da barreira de seis homens e a bola se aninhou no canto inferior do gol deixando o goleiro do Villa, Jim Cumbes, sem qualquer chance de defesa.

O público extasiado reagiu espontaneamente com uma salva de palmas!

Como Charlie Aitken disse: “Edu foi a estrela daquele show, ele foi brilhante e aquela cobrança de falta foi fantástica.”

Não houve mais incidentes e então o jogo acabou com uma famosa vitória do Villa contra um dos melhores times do mundo.

Ray Graydon resumiu tudo numa frase: “Quando as pessoas perguntam sobre o ponto alto da minha carreira eu sempre digo que joguei contra o Santos de Pelé e marquei um gol!”

12. Manchete do jornal Express destacando que Pelé brilhou para um público de 54.000 espectadores (Pinterest)

Ficha técnica da partida:

Aston Villa 2 (Pat McMahon, Ray Graydon) Santos 1 (Edu)

Amistoso Internacional

Local: Villa Park

Data: 21 de fevereiro de 1972

Público: 54.437

Aston Villa: Cumbes, Wright, Aitken; Rioch B., Curtis, Tindall; Graydon, McMahon, Locchead, Hamilton e Martin.

Santos: Cejas; Orlando Lelé, Paulo, Oberdan e Zé Carlos; Léo Oliveira e Nenê; Manoel Maria, Edu, Pelé e Ferreira. *

* Aston Villa: Friendlies, Tours and Testmonials - Bryan J. Sheppard. *

13. Manchete do jornal Express destacando a passagem de Pelé por Birmingham (Pinterest)

Tradução: Sandro Pontes

Wolves neste dia